Webinar “A Gestão da Educação – A Leitura como Revolução Social”, com Bel Santos Mayer

Webinar ““A Gestão da Educação – A Leitura como Revolução Social” – com Bel Santos Mayer

Assista ao webinar com Bel Santos Mayer – Educadora social, coordenadora do IBEAC e cogestora da Rede LiteraSampa

Foi na casa do coveiro, único lugar disponível no bairro, que adolescentes e livros se instalaram. Imagine um projeto que faz com que a leitura aconteça dentro de um cemitério e, a partir dali, estabeleça um ciclo de vida e de transformação social. Foi isso que a Biblioteca Caminhos da Leitura, criada há 11 anos, em Parelheiros, periferia da zona sul de São Paulo, e um dos lugares com os Índices de Desenvolvimento Humano mais baixos de São Paulo, fez pelos jovens.

Uma das principais responsáveis por isso é Bel Santos Mayer, educadora e coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), que está na área social desde os 14 anos, quando criou, junto com amigos, uma casa de acolhida para meninas em Sapopemba, região leste da cidade, onde morava “O meu lugar no mundo como mulher negra, que vem de região periférica, é estar o tempo todo pensando em transformar”, afirma Bel.

Hoje, as histórias de vida, esperança e força, que são passadas, com esse programa, por meio da leitura à moradores de regiões carentes, estenderam-se para além dos muros do cemitério, chegando à maternidade, às ruas e aos comércios locais. Bel Santos sempre insiste em repetir que a educação – e a leitura é um dos grandes instrumentos para consolidá-la, não é apenas uma mudança individual, mas muda a trajetória da vida de uma família e de uma comunidade.

Atualmente, os jovens leitores das bibliotecas comunitárias já estão nas universidades. A leitura promove a reflexão e favorece um raciocínio claro, permitindo que crianças e jovens adquiram uma posição ativa em seu processo de aprendizagem, pois percebem que são capazes de se posicionar diante do conhecimento. Paulo Freire já afirmava que “a leitura se inicia junto com a vida e se alimenta de todos os sentidos”. Ele chamava essa leitura de “leitura de mundo” e afirma que ela precede à “leitura da palavra”, próximo passo para o desenvolvimento humano.

Bel também vem fomentando, por meio das comunidades periféricas e das bibliotecas comunitárias, a disseminação da literatura negra, por exemplo, de autoras como Conceição Evaristo, Mirian Alves e Esmeralda Ribeiro. “Com a nova geografia que nossos corpos criaram na cidade através de nossa circulação, temos levado esses autores para os espaços em que faltava melanina”, observa Bel, muito contente por realizar também esta iniciativa.

Vinda de uma família de migrantes nordestinos, mãe doméstica e pai metalúrgico, foi a primeira a se formar na família. Fez Matemática porque o pai gostava e, naquele tempo, a área estava ligada ao sucesso. Mas sempre foi o amor pela alfabetização e pelas letras que a moveu. Aos 53 anos, depois de vencer um câncer, tem a certeza de que o “amadurecimento traz uma tranquilidade e a vontade de seguir aprendiz”.

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