Pioneiro no mundo, o PDGC serve de exemplo para organizações internacionais

Graduado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o presidente executivo da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), parceira do Sescoop na aplicação do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC), Jairo Martins, acumulou experiências em negócios ao longo de toda sua carreira. Seja no Brasil, em países da América Latina ou na Alemanha, exerceu suas atividades em grandes empresas, além de ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Qualidade (ABQ) e ser membro da Red Iberoamericana de la Excelencia en la Gestión (Redibex) e do Global Excellence Model Council (GEM).

Jairo mostra-se otimista com o rumo que a gestão das cooperativas vem tomando, principalmente devido ao PDGC, iniciativa pioneira no mundo e que tem se tornado exemplo para outros países. Ele falou sobre a FNQ, gestão e negócio cooperativo em entrevista para o Jornal Cooperação, informativo da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (OCEMG), edição de dezembro de 2017.

Jornal Cooperação: a FNQ atua no estudo, geração e disseminação de conhecimento na área de gestão. Como surgiu a Fundação e quais os principais diferenciais do seu trabalho?

Jairo Martins: a FNQ completou 26 anos em outubro de 2017. Ela foi criada por dirigentes de empresas públicas e do governo, durante a abertura comercial do Brasil para os produtos importados. Foi uma ação que teve como objetivo preparar o país para a competição internacional advinda da globalização da economia. Na época, o foco era a Gestão da Qualidade, para melhoria dos nossos produtos. O grande diferencial da FNQ é a transferência de conhecimento para que as organizações, públicas e privadas, busquem continuamente a excelência.

JC: que impactos uma boa gestão pode trazer para uma empresa ou cooperativa e para toda a cadeia produtiva que ela abrange?

JM: o Brasil deve ser entendido como uma grande Cadeia de Valor, que deve ser excelente de norte a sul e de leste a oeste. A busca permanente da excelência é o que promove a evolução das pessoas, a perenidade das organizações e a construção de uma sociedade mais engajada, para um país mais ético, sustentável e justo. Cada empresa ou cooperativa deve assumir o seu papel de gerar resultados para todos os integrantes dessa cadeia, numa relação de interdependência e cooperação.

JC: em que consiste o Modelo de Excelência em Gestão® (MEG), adotado pela FNQ, e como ele é aplicado no cotidiano de uma organização?

JM: MEG é uma plataforma de gestão que tem como base os Fundamentos da Excelência. Para acompanhar as mudanças de cenários, o MEG tem evoluído continuamente, já estando na 21ª edição. Duas das características desta nova edição são a flexibilidade e a capacidade de adaptação. Assim, ele aplica-se a organizações de qualquer porte, setor e natureza, sejam públicas ou privadas. Ao ser aplicado, a organização adquire uma visão sistêmica das suas operações, o que facilita a tomada de decisões olhando o todo, diante de cenários cada vez mais imprevistos, voláteis e incontroláveis.

JC: o MEG foi adaptado para o PDGC, programa do Sistema OCB em parceria com a FNQ para promover o desenvolvimento da autogestão e adoções de boas práticas nas cooperativas. Como se deu essa adaptação?

JM: o MEG pode ser customizado para todo o tipo de segmento e o PDGC é um excelente exemplo desse processo. No caso das cooperativas, esta adaptação se deu de forma muito harmônica, pois os sete Princípios do Cooperativismo já definem uma boa base para a busca contínua a excelência. Hoje o PDGC é uma das aplicações mais exitosas que temos.

JC: trata-se de uma iniciativa inédita em relação a outros países?

JM: a FNQ faz parte de uma entidade internacional denominada GEM (Global Excellence Model). Os países reúnem-se anualmente para fazer alinhamento das suas plataformas de gestão. Em 2016, a coordenação do GEM esteve sob a responsabilidade do Brasil. Tivemos a oportunidade de apresentar o PDGC como uma das melhores práticas que tínhamos. Constatamos que é uma iniciativa pioneira em âmbito mundial. O interesse foi geral. Já estamos servindo de benchmark internacional.

JC: como estimular que cada vez mais cooperativas integrem o PDGC?

JM: a participação das cooperativas no PDGC ocorre de forma voluntária. É evidente o aumento da participação de novas cooperativas a cada ciclo. A disseminação das boas práticas e a evolução dos indicadores falam por si só. Os bons exemplos, atrelados aos resultados, sempre atraem novos seguidores. Esta é a melhor forma de estimular novas cooperativas a integrar o PDGC.

JC: qual é a importância, para o cooperativismo, de se investir em iniciativas que visam a melhoria da gestão?

JM: não há dúvidas de que o cooperativismo está se configurando com um dos pilares da economia e um dos promotores do desenvolvimento sustentável do Brasil. Só por meio de uma gestão estruturada e sistêmica as organizações se tornam perenes. Investir em gestão é sempre a melhor escolha, pois é a excelência que vai definir o destino de cada um.

JC: o PDGC possibilita às cooperativas brasileiras se destacarem das empresas mercantis?

JM: o PDGC permite que as cooperativas sejam geridas de forma estruturada, gerando sobras, decorrentes do uso eficaz e eficiente de recursos, e gerando valor para a sociedade. Logicamente isto se traduz em sucesso mercadológico.

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