Desenvolvimento de pessoas e humanização a partir da liderança são fundamentais no “novo normal”

Sem a humanização das empresas, não há futuro para os negócios

Na tarde da última quarta-feira, dia 8, aconteceu o terceiro painel da FNQ dentro de ciclo de webinars O “NOVO NORMAL” EMPRESARIAL APÓS A COVID-19, que tem o apoio da Sabesp e da WorkingMinds.

Em debate, esteve o tema “Desenvolvimento de Pessoas e Adaptabilidade na Liderança”, com a participação de Daviane Chemin, Fundadora da DChemin Resultados Humanos, e Fábio Rosé, vice-presidente de RH da L’Oreál Luxe nos Estados Unidos.

Como nos demais webinars, a mediação foi feita pelo presidente executivo da FNQ, o Ronald Dauscha, que abriu o evento compartilhando os objetivos da Fundação, de transformar e melhorar a gestão das empresas por meio do Modelo de Excelência da Gestão® (MEG).

Na ocasião, divulgou, em primeira mão, o lançamento, em agosto, da nova publicação digital da FNQ, o MEG RH, que tem a colaboração da própria Daviane Chemin.

O material, que terá distribuição gratuita, tem o objetivo de integrar os processos de Gestão de Pessoas, com uma gestão estratégica; promover o benchmarking; focar em resultados; gerar o engajamento da liderança; promover a transformação digital; melhorar o clima organizacional; avaliar a gestão de pessoas em uma escala de 0 a 1.000 pontos; e estabelecer planos de melhoria para a gestão focada em pessoas.

Na sequência, Dauscha convidou Fábio Rosé, que atualmente mora em Nova Iorque, nos EUA, para dar início à apresentação com foco nos desafios de negócio e na gestão de pessoas diante da pandemia, em especial naquele país, considerando os movimentos antirracistas que se alastraram recentemente pelo mundo.

Depois de passar pelo mercado financeiro, farmacêutico e por diversos países, em 2013, Fábio assumiu a responsabilidade de cuidar de Gestão de Pessoas para todas as divisões da L’Oréal no Brasil, onde ficou por seis anos.

Para ele, o mercado brasileiro é muito exigente, diversificado e traz uma mistura bonita quando o assunto é beleza feminina e isso tornou o trabalho aqui desafiador. “Foi aí que eu me apaixonei por RH novamente. No RH, somos protagonistas de todas as mudanças que se fazem necessárias”, disse.

Nos EUA, assumiu o desafio, há um ano, de fazer a transformação digital na empresa, frente ao maior mercado de beleza e luxo do mundo, que é o americano. “Quando eu estava começando a entender o mercado como um todo, a cultura, a prática de RH, chegou a pandemia muito forte em Nova Iorque. Ninguém tinha a menor ideia de como reagir às restrições drásticas”, afirmou. “Fomos isolados de maneira violenta”, disse.

De acordo com o Fábio, mudar a forma de trabalhar em um país onde o modelo de comportamento organizacional é tradicionalista, que exige a presença física das pessoas, foi um desafio a mais, pois tiveram de passar do “comando e controle” para a dispersão das pessoas em atividade, com um agravante: a falta de ideia de quanto tempo isso duraria.

Fábio contou que todas as decisões tomadas depois da pandemia foram sem manual, sem referência de outro país como exemplo. Tiveram de lidar com um contexto onde não havia respostas prontas para serem usadas. “Diante da perspectiva e da realidade de vulnerabilidade de maneira visceral, temos aprendido muito e tem sido incrível”, disse.

Para Rosé, a pandemia expôs o caráter das empresas. “Na L’Oréal, conseguimos transmitir quem somos com transparência, coragem, colaboração, tudo isso no novo formato de trabalho”, contou.

Quando tudo estava se estabilizando, disse Fábio, o movimento Black Life Matter chegou de uma maneira intensa, como ninguém poderia imaginar, e isso impactou fortemente as marcas, que passaram a ser cobradas por um posicionamento concreto, de forma direta. Sua marca comunica para a população preta? As pessoas começaram a distinguir as marcas com foco no posicionamento que cada uma apresentou frente ao movimento.

“Uma marca transmitir a diversidade em seus produtos não significa que ela seja, necessariamente, inclusiva. Por isso, abrimos fóruns de escuta com CEOs, presidentes de várias divisões da L’Oréal diariamente para discutir esta temática. O diálogo foi complexo, mas maravilhoso ao mesmo tempo”, comentou Fábio.

Logo na sequência, Dauscha questionou Daviane sobre os aprendizados do mundo empresarial diante da pandemia e o papel do RH e da liderança para a garantia da saúde mental e dos negócios.

Para ela, nada deve nem pode voltar ao normal, como era antes da pandemia, pois ele não funcionava, e trazia benefícios e bem estar apenas para poucos. “Algumas pessoas não entendem que a Terra gira ao redor do Sol e não, em torno delas”, disse.

Daviane afirma que, nas empresas, o contraste do ecossistema é reproduzido visivelmente. A organização pode ser colaborativa e viver a diversidade no seu dia a dia. Mas pode, também e ao mesmo tempo, encontrar pessoas que são excluídas, que medem forças entre elas, em total desarmonia.

De acordo com a Daviane, a humanização no trabalho é fundamental para que os custos com pessoas sejam invisíveis e os lucros, visíveis. “A quantidade de pessoas adoecendo emocionalmente é imensa e virou ‘normal’ aos nossos olhos. Só que, na pandemia, todos passaram a padecer da mesma ameaça. Não existe mais diferença entre os diferentes”, disse.

Daviane afirma que não existe “Planeta B”, mas existem planos B para as empresas, e eles só irão funcionar em empresas humanizadas, que colocam as pessoas no centro da crise, da tecnologia, da pandemia. “ As empresas humanizadas no Brasil apresentam mais de 224% de satisfação dos colaboradores, mais de 239% de satisfação dos consumidores, 132% a mais de retorno sobre o investimento”, comentou.

Dar e receber feedback verdadeiro e cuidadoso é simples e tem um papel fundamental para uma empresa crescer no sentido da humanização, e, consequentemente, economicamente.

Daviane citou alguns papéis indelegáveis do RH, como construir uma cultura de confiança, desenhar estruturas que deem vasão às soluções, pois é da diversidade que emerge a inovação.

“O RH precisa simplificar, co-laborar, co-inspirar, co-reponsabilizar. É hora de dar adeus à desconexão e o líder tem papel fundamental neste momento. O gestor é embaixador das pessoas”, comentou.

Daviane citou o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), da FNQ, como um importante instrumento para avaliar os processos das empresas como um todo e mensurar o quão maduro está o RH em relação a isso. Para ela, o RH tem de ser estratégico. “Empresas que cheiram à naftalina, que são muito tradicionais, não sobreviverão frente às empresas humanizadas. É preciso que as pessoas participem do ônus e, também, do bônus nas organizações. E isso se dá com gestão de clima, engajamento e líderes que consideram as pessoas no crescimento e desenvolvimento da empresa”, disse.

Confira o webinar completo no vídeo abaixo.

Clique aqui para acessar a apresentação de Daviane Chemin.
Clique aqui para acessar a nuvem de palavras (tag cloud) gerada a partir da interação com a audiência.

O quarto e último webinar deste ciclo acontece no próximo dia 15, das 16 às 17h30, com a participação de Cibelle Ferreira, sócia-fundadora da Shopper UM, e Victor Santos, CEO-fundador da Liv Up. Eles debaterão o tema A Imprevisibilidade e Empreendimentos Adaptativos. Saiba mais aqui.

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